
Sinceramente, não irei definir nada, tudo de mim já sabem aqueles para quem eu escrevo, e desculpe se for o caso a falta de modos, tentaram e muito mudar um pouco disso, mas para os que eu escrevo, a certeza de que tal incoveniência, tal sinceridade no momento errado é impossível de ser mudado é fato; sei muito bem que existem coisas que bastaria pensar, falar pode estregar, no entanto, nada posso mudar, ser assim é o único jeito, as vezes gosto, raramente não gosto, e gosto mesmo de deixar explícito, principalmente quando não gosto!
Vamos ao ocorrido, hoje tive visita no hospital Candido Fontoura, é um perfeito hospital infantil, a vontade de lutar pela vida é algo que me surpreende mais que em qualquer outro lugar dentro daquele hospital; mesmo que seja treinamento muito bem aplicado, os funcionários (enfermeiras, médicos, faxineiras, etc...) parecem gladiar por cada vida que ali se encontra. Ver crianças, que enquanto poderiam correr e enlouquecer seus pais completamente, entubadas, é algo que nos faz pensar de verdade, e não é nada dessas coisas para angariar fundos, pedir esmolas, a questão principal é a própria "injustiça" da vida, vista enquanto humando, pois eu acredito mais sinceramente ainda que Deus sabe o que faz.
Não trago sentimentos ruins de lá, nenhum mesmo, nada que vejo me choca ao ponto de pensar em parar, pelo contrário; as dificuldades podem parecer invenciveis ao longo de nossos dias chorosos de trabalhos mal remunerados, de tristezas ocasionais, de reclamações "infudadas", mas garanto a qualquer um que são extremamente inferiores ao tamanho da luta de cada criança que me segue com os olhos; vestido de alegria, maqueado de piadas, entorpecido pela vontade de doar um simples sorriso, me entrego, e a cada entrega recebo em triplo, não entregamos riquezas materias, enquanto mero visitante recheado de sorrisos, somos apenas gente, gente mesmo, importando pelo próximo, imaginando o tamanho da dor que se encontra em cada coraçãozinho internado.
Hoje fomos em poucos, pra ser mais exatos cinco pessoas, e é melhor que se entendam como pessoas apenas, não existem sexos, não existem etnias, não existem classes sociais. Cinco pessoas, e acredito eu, muito dispostas a doar não só sorrisos, mas um pouco de suas próprias vidas a todos os pequenos anjos que por um mistério gigantesco, passam a depender de nossa força, de nossos narizes de palhaços, de nossos realejos...
Eu, em primeira pessoa, até embaixo de uma maca me enfiei, com a vontade única de ver um sorriso de alguém que conhecia a poucos minutos.
Pisando em nuvens fomos embora, o caminho seguinte pode até parecer boemio, mas não, encontravamos-nos agora entre outros amigos, num botequim distante, com o mesmo interesse de outra forma, nisso eu só precisava dividir um pouco dos sorrisos colhidos, contar besteiras, falar, ouvir, expor minha arcada dentada "sem dó", brindar mais uma vez a vida que tão pouco valorizamos!