sábado, 2 de outubro de 2010

Rua Paranóia, nº -01

A alguns metros das paranóias diárias, a passos da exaustão, num bar perto de casa existe uma figura, alguém que talvez tenha alcançado um estado tão perfeito de embriaguez que todos os problemas deixaram de existir, o cidadão existe, o bar também, porém a realidade se parece demais surreal; alguém que consegue sorrir o transcorrer dos dias, gargalhar a fome, passar a mão na bunda da seriedade. E lá pelas tantas, num mar de concreto, sobre pés pesados e carregado por asas fracas, me ponho a pensar no que o cidadão das gargalhas traz em suas retinas, memórias.
É natural que todos os desafios resultem em pessoas psicoserenas, certas de que a vida é isso mesmo, que não há muito espaço para palhaçadas, é preciso levar nossas obrigações a sério, é preciso produzir, criar, render, ficar rico.. Fartas de ignorância são elas, que acreditam mesmo nisso, pelo menos é o que o "Risadinha" acha, o cara do estacionamento falou que é esse o nome dele, falou que se sabe pouco de seu passado, talvez um industrial, um pedreiro, um bancário que enfiou uma banana na cara do caos e decidiu morar em seu universo paralelo, onde existem mãos fazendo cócegas cronometadas. Talvez apenas um cachaceiro engraçado...

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